O evento promete colocar em evidência a literatura, a oralidade e os saberes tradicionais das comunidades quilombolas, ribeirinhas e rurais da região.
O município de Ituberá, no Baixo Sul da Bahia, se prepara para receber o 1º Festival Literário da APA do Pratigi (FLAP), que ocorrerá entre os dias 30 de outubro e 1º de novembro. Com o tema “Ancestralidades afro-indígenas e outras formas de ser e estar no mundo”, o evento promete colocar em evidência a literatura, a oralidade e os saberes tradicionais das comunidades quilombolas, ribeirinhas e rurais da região.
O FLAP nasce da experiência consolidada do projeto “Agosto da Leitura”, realizado em cinco edições anteriores, e pretende ser um espaço de reflexão sobre preservação ambiental e valorização cultural, mostrando que diferentes formas de existir e conviver com a natureza já são praticadas pelas comunidades da APA do Pratigi.
Homenagens que atravessam gerações
O festival prestará tributo a Mestra Maria Reis Amparo da Cruz (80 anos), guardiã da tradição da Trezena de Santo Antônio em Ituberá há mais de seis décadas, e a Mestre Maurílio Pereira Silva (83 anos), líder do Terno de Reis da comunidade quilombola de Lagoa Santa. As homenagens reforçam o compromisso do evento em preservar memórias e celebrar mestres do saber popular do Baixo Sul da Bahia.
Programação diversificada e inclusiva
O FLAP terá uma agenda recheada de atividades, incluindo: Palestras e debates, promovendo o diálogo sobre cultura e preservação ambiental; Mesas temáticas e oficinas, voltadas para autores e artistas locais; Lançamentos e comercialização de livros, incentivando a literatura regional; Concurso Literário APA do Pratigi, com oficinas preparatórias para estudantes do ensino médio, nas modalidades Texto Narrativo e Texto Poético.
O festival também terá ações direcionadas a crianças, adolescentes e pessoas atípicas, reforçando o caráter inclusivo do evento.
Cultura, sustentabilidade e economia solidária
O FLAP integra iniciativas de sustentabilidade e economia solidária, incluindo o programa Bahia Sem Fome, e incentiva a participação da agricultura familiar — com quilombolas e ribeirinhos como expositores —, promovendo o comércio de produtos locais e debates sobre práticas de preservação ambiental.
“O FLAP nasce da necessidade de criar um espaço onde todo esse universo cultural possa se expressar, dialogar e mostrar que a existência de outros modos de ser e estar no mundo não apenas é possível, como já existe, e está aqui, nas comunidades tradicionais encravadas na APA do Pratigi”, explica a escritora e cordelista Sueli Valeriano Jesus Santos, idealizadora do festival.
Um território de resistência e memória
A APA do Pratigi, que abrange cinco municípios — Nilo Peçanha, Ituberá, Igrapiúna, Piraí do Norte e Ibirapitanga —, é historicamente marcada pela presença de aldeamentos indígenas e quilombos. A região é referência em preservação ambiental e sociobiodiversidade, onde a cultura tradicional se mantém viva através de práticas ligadas ao uso da piaçava, do dendê e de outros legados afro-indígenas.
Acessibilidade e ações descentralizadas
O circuito principal será no Dique, centro de Ituberá, com integração de espaços como o Esporte Club Santa Cruz. Além disso, o festival levará atividades às comunidades quilombolas de Lagoa Santa e Ingazeira, promovendo leitura e literatura em diferentes pontos do território.
O evento terá acessibilidade total, com: Rampas, banheiros e vagas adaptadas para PCD; Intérpretes de Libras para todas as atividades; Vídeos de divulgação com Libras, audiodescrição e legendas; Visitas guiadas com audiodescrição ao vivo para pessoas com deficiência visual.

