O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) decidiu anular três questões do Enem 2025 depois que vieram à tona semelhanças entre itens da prova e exercícios divulgados por um cursinho pré-vestibular do Ceará. A Polícia Federal foi acionada para apurar se houve quebra de sigilo e quem pode estar envolvido na possível divulgação antecipada do conteúdo.
A polêmica ganhou força na noite de segunda-feira (17), um dia após a aplicação das provas de matemática e ciências da natureza. O estudante de Medicina Edcley Teixeira, de Sobral, criador de uma monitoria online, afirmou ter “acertado” questões do exame e publicou vídeos e materiais exibindo itens muito próximos aos que caíram no Enem. Em uma live feita no dia 11 de novembro, cinco dias antes da avaliação, Edcley apresentou exercícios com numerações, estruturas e alternativas semelhantes às do exame oficial. Apostilas do curso também traziam outro item com a mesma temática e abordagem.
A divulgação repercutiu rapidamente nas redes sociais. Participantes do Enem passaram a comparar os conteúdos e pressionaram o Ministério da Educação e o Inep a se manifestarem. O estudante chegou a publicar capturas de tela e trechos de vídeo mostrando a resolução dos exercícios antes da prova, o que ampliou as suspeitas de vazamento.
Diante da repercussão, o Inep informou que nenhuma das questões apresentadas publicamente era totalmente idêntica às utilizadas no exame deste ano, mas admitiu “similaridades pontuais” suficientes para comprometer a segurança do processo. A equipe responsável pela montagem da prova decidiu, então, pelo descarte de três itens.
“Ao identificar relatos de antecipação de questões similares às do Enem 2025, a equipe técnica analisou as circunstâncias e decidiu pela anulação de três itens aplicados”, afirmou o instituto, em nota. O órgão reiterou que os protocolos de segurança do Banco Nacional de Itens foram cumpridos e que a PF irá investigar a origem e a intenção da divulgação.
A Polícia Federal já iniciou os procedimentos preliminares para avaliar se houve acesso indevido ao banco de questões ou se o caso envolve mera coincidência metodológica. A apuração deve considerar ainda a eventual responsabilidade de terceiros na circulação dos conteúdos.

